quarta-feira, 18 de maio de 2011

Como saber se somos luz?

“Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor: comportai-vos como verdadeiras luzes. Ora, o fruto da luz é bondade, justiça e verdade. Procurai o que é agradável ao Senhor, e não tenhais cumplicidade nas obras infrutíferas das trevas; pelo contrário, condenai-as abertamente. Porque as coisas que tais homens fazem ocultamente é vergonhoso até falar delas. Mas tudo isto, ao ser reprovado, torna-se manifesto pela luz." Ef 5, 8-13


Proceder dos filhos de Deus


Nós costumamos ler esta passagem para justificar a nossa atitude ao denunciar as coisas erradas que os outros fazem, porém esquecemos um detalhe muito importante: só quem é luz pode lançar luz sobre as circunstâncias e sobre os outros. Se a treva tem a pretensão de lançar luz, ela só lançará mais trevas, gerará confusão, discussões, julgamentos arbitrários e divisões.


Como saber se somos luz? Como saber se temos autoridade espiritual para denunciar o erro? Essa passagem de Efésios nos esclarece, ao dizer: o fruto da luz é bondade, justiça, verdade. Se estivermos agindo com bondade, realmente querendo a edificação dos outros e não estamos agindo por vingança, por despeito, para ver os outros se darem mal, então estamos na luz. Se estivermos agindo com base na verdade e não nos boatos, nas suposições, nos preconceitos, então estamos na luz. Se formos justos, dando aos outros o direito que eles têm à dignidade e ao respeito, então estamos na luz. Estamos na luz quando seguimos os ensinamentos daquele que á a Luz, a Verdade, a Vida, quando o amamos e colocamos sob seu Senhorio toda a nossa vida.


Devemos denunciar as obras das trevas, não nos calarmos, mas lembremos: a luz só se derramará sobre a situação denunciada se nós formos luzes. Para os seguidores de Jesus Cristo é assim, tudo deve ser feito com coerência de vida e testemunho, com profunda adesão ao evangelho e com temor de Deus.


ORAÇÃO: Senhor, envia teu Espírito para santificar as motivações do meu coração e as justificativas que eu dou para fazer as coisas. Que eu possa sempre ter como justificativa dos meus atos o desejo de fazer a tua vontade, segundo a tua Palavra e os teus ensinamentos. Que o Espírito Santo revelador venha em todos os momentos me revelar como a tua Palavra se coloca diante das situações e explica os acontecimentos. Amém.


Fonte: Portal da RCC

terça-feira, 26 de abril de 2011

Quando o sofrimento bater à nossa porta

O Evangelho escolhido foi o da Ressurreição de Lázaro, um grande amigo de Jesus. Estar em Betânia com os amigos era uma forma de Jesus curar e restaurar as forças. Jesus Cristo sofreu muito, porque amou muito. Quanto mais estivermos ligados às pessoas, tanto mais sofreremos. Mas não construamos cercas. Tenhamos essa sensibilidade diante do sofrimento. Era isso que Jesus ia buscar em Betânia: consolo em amigos verdadeiros.

Quando Ele chegou em Betânia, já fazia 4 dias que Lázaro estava morto. Não podiam fazer mais nada, mas para Jesus não havia tempo a perder e Ele foi ter com o amigo morto. O Senhor era muito humano. Quando Ele chegou, tapou o nariz, pois a situação estava 'podre', porém, movido pelo amor àquele homem, Ele disse: 'Venha, Lázaro'.

Na verdade, Jesus queria nos mostrar que a morte não foi feita para nós. Um dia, todos nós iremos morrer, isso é fato, mas Cristo está falando de outra morte e quer nos propor a ressurreição. Se olharmos somente para a pedra posta no sepulcro, não haverá nenhuma esperança e nos desesperaremos, porque ela [pedra] é imóvel. Se ficarmos olhando para a pedra, ficaremos fixados ali, no mesmo lugar, e não é isso que Jesus quer. "Lázaro, venha para fora". Quantas vezes experimentamos estar no sepulcro, que é um lugar escuro e cheira mal? Mas se deixarmos essa pessoa ficar lá muito tempo, não a encontraremos do mesmo jeito, pois ela entrou em processo de decomposição. É um lugar de silêncio e não há mais nada, terminou. Agora, se olhamos a morte como um lugar de transição, daí sim, ele fica cheio e revestido de esperança. Quantas vezes você já morreu?

Estamos ressuscitando todos os dias. A cigarra fica um ano debaixo da terra para cantar somente um dia. Um ano se preparando para cantar até se arrebentar. O sofrimento é isso, um tempo de preparo. Louvado seja Deus pelos sofrimentos!

Todos os artistas compõem maravilhosas obras quando estão sofrendo, e, todas as vezes em que tocamos em nossos limites, vamos além. Compomos músicas, pinturas, criamos vida e caráter. Você pode se perguntar sempre: "Mas eu não sou artista, e aí?" Você pode desenhar a sua alma, pode esculpir o seu caráter.

A cigarra não fica debaixo da terra por motivo de masoquismo. Não. É um tempo de preparo existencial da natureza. Quando você perceber que o seu sofrimento está infértil, é o tempo de parar de sofrer. Quando começamos a derramar as lágrimas, passamos por um processo de cura que está nos lavando e purificando.

Quanto tempo pode durar um velório dentro de nós? O sepultamento do corpo tem que iniciar um processo de amizade com a vida. O sofrimento é criado dentro de nós; o velório não é uma situação de morte. O que fazemos com o ruim que aconteceu conosco? Não importa o que a vida fez com você, mas o que você faz com o que a vida fez com você. Não temos como evitar o desprezo do outro, vão acontecer coisas das quais não vamos gostar, mas somos nós que vamos ver quanto custa esse sofrimento.

Boa parte dos sofrimentos do ser humano está naquilo que nós pensamos e permitimos em nosso pensamento. Se racionalizarmos a nossa emoção, nós não sofreremos.


Neutralizar o pensamento do sofrimento é lançar um pensamento bom em cima de um ruim. Quantas pessoas sofrem por não terem a capacidade de filtrar as coisas ruins que escutam? Não temos o direito de ser mesquinhos por querermos ser o que o outro é. Não tenha inveja, floresça onde Deus o plantou.

Há pessoas invejosas, que querem ser o que você é. Que não são capazes de olhar quem elas, realmente, são. Pare de olhar para a vida do outro, pois você não tem os valores que ela tem; mas você tem valores que ela não tem. Temos que ter nossa coerência e nosso modelo. Liberte-se dessas ideias pessimistas sobre você mesmo, você é capaz!

A ordem de Jesus: "Pare de ficar neste sepulcro e venha viver”. Estamos em horário do cristão: Está na hora de viver! Você não tem o direito de ficar no túmulo com seus problemas e lutos. O tempo previsto para o sofrimento tem data marcada para terminar, já passou, chega! Faça alguma coisa pela sua vida! Só sofra de verdade pelas coisas que valem a pena. Quantas pessoas não sofreram o que deveriam sofrer? Esse tempo é curto, e é maravilhoso descobrir que, hoje, temos a oportunidade de escutar a voz de Jesus dizendo que não quer mais a morte para a nossa vida. Deus está segurando na nossa mão.

Se você está sofrendo muito, permita que Jesus cuide de você. Revolucione sua vida, pois quem fica parado é poste. Melhore esta cara e faça o que puder fazer, pois assim beneficiará as pessoas ao seu lado. O cuidado de Deus é lindo: "Saia deste sepulcro!" Não perca seu tempo em bobagens que tornam o sofrimento enorme em sua vida.


O 'cuidar' é sempre expressão de alguém que ama. Ninguém gosta de ver a pessoa amada sofrendo. Precisamos acordar para a vida.


O nosso objetivo é sermos felizes! Não há problema que resista a uma pessoa transformada por Deus! Nem a um ser humano com vontade de resolver os problemas. Não há nada maior do que uma pessoa de coragem.

Quando o sofrimento bater à sua porta, abra a janela para que você veja a dor do outro.


Padre Fábio de Melo


quinta-feira, 10 de março de 2011

O caminho da Páscoa do Senhor

O que mais nos afasta de Deus é o pecado

A Quaresma, com início na Quarta-feira de Cinzas, é um tempo litúrgico muito importante para a nossa caminhada cristã. Ajuda as pessoas e as comunidades eclesiais a se prepararem dignamente para a celebração da Páscoa do Senhor.
O período quaresmal é tempo sobremaneira apropriado à conversão de vida e à renovação interior. Aliás, não há Quaresma sem conversão. Converter-se é separar-se do mal e voltar-se para o bem. É mudar radicalmente de vida e de critérios. A conversão radical insere-se no coração da vida. Exige gestos concretos de amor e de misericórdia, de partilha fraterna e de justiça. Podemos dizer que o cristão é um convertido em estado de conversão, pois a conversão dura enquanto perdurar nosso peregrinar neste mundo.
Converter-se é procurar viver todos os dias a “vida nova”, da qual Cristo nos revestiu, transformando-nos n'Ele, para fazer um só corpo com Ele e com os irmãos.
Há em nós atitudes que devem morrer. Converter-nos, a cada dia, exige morrer aos poucos, sepultar-nos com Cristo para ressuscitarmos com Ele.
O amor de Deus chama-nos à conversão, a renunciar a tudo o que d'Ele nos afasta. O que mais nos afasta de Deus é o pecado. Pecar é estar no lugar errado, longe da amizade e da graça de Deus.
A conversão quaresmal significa, portanto, crescer na prática das virtudes cristãs. Somos sempre catecúmenos em formação permanente, progredindo no conhecimento e no amor de Cristo.
Ao longo da Quaresma, somos convidados para contemplar o Mistério da Cruz, entrando em comunhão com os sofrimentos de Cristo, tornando-nos semelhantes a Ele na Sua Morte, para alcançarmos a Ressurreição dentre os mortos (cf. Fl 3, 10-11). Isso exige uma transformação profunda pela ação do Espírito Santo, orientando nossa vida segundo a vontade de Deus, libertando-nos de todo egoísmo, superando o instinto de dominação sobre os outros e abrindo-nos à caridade de Cristo (cf. Bento XVI, Mensagem da Quaresma 2011).
O período quaresmal é ainda tempo favorável para reconhecermos a nossa fragilidade, abeirando-nos do trono da graça, mediante uma purificadora confissão de nossos pecados (cf. Hb 4, 16). Na Igreja “existem a água e as lágrimas: a água do Batismo e as lágrimas da penitência” (Santo Ambrósio). Vale a pena derramar essas lágrimas com uma boa confissão sacramental.
Jesus convida à conversão. Este apelo é parte essencial do anúncio do Reino de Deus: “Convertei-vos e crede na Boa-Nova” (Mc, 1, 15).
O itinerário quaresmal é um convite à prática de exercícios espirituais, às liturgias penitenciais, às privações voluntárias como o jejum e a esmola, à partilha fraterna e às obras de caridade (cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 1438). É igualmente um tempo forte de escuta mais intensa da Palavra de Deus e de oração mais assídua.
Quanto mais fervorosa for a prática dos exercícios quaresmais, tanto maiores e mais abundantes serão os frutos que colheremos e hauriremos do mistério de nossa redenção.
Também a vivência da Campanha da Fraternidade ajuda a fazermos uma boa preparação para a Páscoa. A CNBB propõe para este ano o tema “Fraternidade e a Vida no Planeta”, e como Lema: “A criação geme em dores de parto” (Rm 8, 22).
Maria Santíssima, Mãe do Redentor, guie-nos neste itinerário quaresmal, caminho de conversão ao encontro pessoal com Cristo ressuscitado.
Com o coração voltado para Cristo, vencedor da morte e do pecado, vivamos intensamente o período santo e santificador da Quaresma.

Dom Nelson Westrupp, SCJ
Bispo Diocesano de Santo André (SP)

terça-feira, 1 de março de 2011

Não podemos esquecer que somos servos e só existe um Senhor

Imagine que era uma manhã de domingo, Jesus entraria em Jerusalém e escolheu um jeito inusitado para fazer o percurso. Segundo a narrativa evangélica, o Senhor enviou dois dos Seus discípulos a uma determinada aldeia para buscar um jumentinho, pois este seria o transporte utilizado por Ele durante a entrada trinfante na Cidade Santa. Até aí nada de novo, já é bastante conhecido este texto de Mateus 21, 1-10. Porém, se nos aprofundarmos na narrativa, descobriremos, por exemplo, que o dono do jumento, ao questionar os discípulos, com toda a razão, por que estes estavam levando seu animal, sendo que a resposta foi apenas: “O Mestre precisa dele”, e o proprietário do animal simplesmente aceitou. Você teria a mesma atitude?

Estive pensando nas vezes em que Jesus enviou Seus discípulos até mim para pedir algo em Seu nome e eu, sem perceber, acabei por dizer "não".

Já ouvi muitos pregadores falarem a respeito desse trecho do Evangelho e gosto de meditar nas riquezas que ele revela. Fico pensando, por exemplo, quais eram os “sentimentos”, se é que posso dizer assim, daquele privilegiado animal! Acredito que se ele “chegou a pensar” que os mantos estendidos no chão e os ramos de oliveira, agitados entre cantos de alegria e gritos de “Bendito o Rei...”, eram para ele, tenha ficado frustrado e muito decepcionado ao perceber que as homenagens eram todas para o Mestre, que ele simplesmente transportava. Poderá, até mesmo, ter passado o resto da vida reclamando seus direitos, parado na decepção porque ninguém sequer o notou.

Já por outro lado, se o animal “entendeu” sua missão de escolhido para transportar o Rei dos Reis, teve motivos para ser o jumento mais feliz do mundo ao lembrar-se de que, um dia, foi escolhido pelo Senhor para levá-Lo ao Seu povo.

Permita-me a comparação, mas, na verdade, penso que este “jumentinho” somos cada um de nós que constantemente também somos escolhidos para “levar o Senhor” a tantos lugares neste mundo. A pergunta diante disso é: como tenho assumido a missão? Alegro-me por ser meio através do qual o Senhor chega ao povo ou tenho buscado de alguma forma receber Seus aplausos e roubar Sua glória?

Nestes dias, durante uma partilha de vida, recordei-me desta passagem do Evangelho e da forma como ela, certa vez, marcou minha história.

O fato é que há alguns anos, rezei com este texto sagrado e dispus meu coração ao Senhor dizendo que Ele poderia contar comigo, pois a exemplo do “Jumentinho”, eu o levaria aonde Ele quisesse. Eu só não imaginava o que viveria poucos meses depois. Acontece que o Senhor levou minha oração a sério e enviou-me a uma família devido a um relacionamento difícil e conturbado.

Na época, mesmo sabendo que estava sendo um instrumento nas mãos de Deus, não conseguia perceber onde a missão começava ou terminava já que os sentimentos se entrelaçavam com a razão e o contexto causou grande sofrimento. Com a graça de Deus e a ajuda de pessoas queridas, acredito que cumpri a missão e tenho certeza de que superei as dificuldades, mas levou um longo tempo para perceber a obra que Deus realmente havia realizado.

Até que um dia, mais uma vez rezando com essa passagem do Evangelho, senti Deus falando fortemente ao meu coração... Ele fez-me lembrar a oração que eu havia feito e mostrou-me que assim como escolheu o “bendito jumentinho”, para com a ajuda dele, entrar em Jerusalém, havia me escolhido, para por intermédio da minha presença, entrar naquela família que, na época, passava por uma grande perda e precisava da presença do Senhor. Na mesma hora compreendi muita coisa. Foi como se o Senhor retirasse um véu dos meus olhos fazendo-me entender Sua obra e recompensando-me com uma grande paz interior. Hoje, mesmo depois de alguns anos, lembro-me claramente desse fato e cada vez que penso nele, tenho a certeza de que Deus leva a sério nossas orações.

Imagino que talvez você já tenha passado ou esteja passando por uma situação que não compreenda o que realmente está acontecendo. Digo, por experiência: não queira entender tudo de uma vez. Conclusões precipitadas podem nos causar vários danos e o pior deles é impedir a ação de Deus. Viva pela fé. Faça o bem e somente o bem, seja dócil e saiba esperar, com o tempo, se o Senhor quiser, há de lhe revelar a obra que Ele realizou com sua colaboração, abandone-se.

Bem sei que por causa da nossa razão que quer entender tudo e agora, a tarefa do abandono nos custa sacrifício, mas sei também que vale a pena esperar em Deus. Não podemos esquecer que somos servos e só existe um Senhor, Aquele que nos escolheu para Seu Reino.

Depois que o “jumentinho” entrou em Jerusalém levando o Mestre, nunca mais tivemos notícias dele, mas só posso imaginar que sua vida tenha sido transformada pela alegria da missão cumprida.

Hoje pode ser um dia propício para percebermos aonde o Senhor deseja chegar por meio de nós e darmos os passos na direção da “Jerusalém” que Ele nos mostrar. Coragem! A alegria de contemplar o Senhor glorificado compensa o sacrifício de carregá-Lo. E mais: nunca ouvi dizer de alguém que tenha servido ao Senhor de todo coração e tenha ficado sem recompensa.

Estamos juntos!

Dijanira Silva
dijanira@geracaophn.com
Missionária da Comunidade Canção
Nova, em Fátima, Portugal. Trabalha na Rádio CN FM
103.7

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Espera confiantemente a alegria, que vem depois da tristeza


Caríssimo, pediste-me que te escrevesse palavras de consolação, a fim de reconfortar o teu ânimo amargurado por tantos golpes dolorosos.

Mas se a tua prudência e sensatez não estão adormecidas, a consolação já chegou, porque as próprias palavras mostram sem sombra de dúvida que Deus te está instruindo como a um filho para alcançares a herança. Assim o indicam claramente aquelas palavras: Filho se queres servir a Deus, permanece na justiça e no temor, e prepara a tua alma para a provação (Eclo 2,1-2). Onde existe o temor e a justiça, a prova de qualquer adversidade não é tormento de escravos, mas antes correção paterna.

Porque até o bem-aventurado Jó, quando diz no meio dos flagelos da infelicidade: Quem dera que Deus me esmagasse que estendesse a sua mão e pusesse fim à minha vida, logo acrescenta: Terei a minha consolação, porque me atormenta com dores e não me poupa (Jó 6,10).

Para os eleitos de Deus, aprovação divina é consolação, porque, através das dores momentâneas que suportam, progridem a grandes passos na firme esperança de alcançar a glória da felicidade eterna.
É para isso que o martelo bate no ouro: para que o ourives possa extrair a escória; é para isso que se usa a lima: para que a veia do vibrante metal brilhe com mais fulgor. É no forno que se experimenta o vaso do oleiro, é na tribulação que se experimentam os homens justos (Eclo 27,5, Vulg.). Porque também diz São Tiago: Considerai como motivo de grande alegria, irmãos, as diversas provações por que tendes passado (Tg 1,2). É a bom título que se devem alegrar aqueles que neste mundo suportam a tribulação temporária pelos seus pecados, mas tem guardada para si no Céu uma recompensa eterna pelas boas obras que praticaram.

Portanto, caríssimo e dulcíssimo irmão, enquanto te atingem os golpes da desgraça, enquanto és castigado pelos açoites da correção divina, não te deixes vencer pelo desalento, não te queixes nem murmures não te deixes amargurar pela tristeza nem impacientar pela fraqueza de ânimo; mas conserva sempre a serenidade no teu rosto, a alegria no teu coração, a ação de graças na tua boca. São certamente dignos de todo o louvor os desígnios de Deus, que atinge nesta vida os seus para os poupar aos flagelos eternos; abate para elevar, fere para curar, humilha para exaltar.

Portanto, caríssimo, robustece o teu espírito na paciência com estes e outros testemunhos das Escrituras divinas, e espera confiadamente a alegria que vem depois da tristeza. Que a esperança daquela alegria te reanime e a caridade te inflame, de tal modo que o teu espírito, santamente inebriado, esqueça os sofrimentos exteriores e anseie com entusiasmo pelo que interiormente contempla.
“Se de tarde sobrevém o pranto de manhã vem à alegria” (Cf. salmo 30,6b).

Na noite em que rezei essa oração estava muito aflito com o estado de saúde de minha mãe. Um sentimento de impotência, de medo e tristeza invadia meu coração. Compus essa oração teclando com minha irmã na internet, chorando e rezando. “Pode a tristeza durar até o anoitecer, mas a alegria logo vem no amanhecer”. Estava naquela noite com duas pessoas de confiança, O Senhor e minha irmã. Quero partilhar e rezar com você que se encontra aflito e abatido por muitos motivos: Prece de um aflito que desabafa sua angústia diante do Senhor: “Senhor, escuta a minha oração, e chegue até vós o meu clamor. Não oculteis de mim a vossa face no dia de minha angústia. Inclinai para mim o vosso ouvido. Quando vos invocar, acudi-me prontamente”. (Salmo 101,1-3).

Oração num momento de aflição:

Meu Deus eu me sinto tão impotente, vem ser a minha Força.
Eu sinto uma perda como se tirasse o chão dos meus pés,
vem ser minha Rocha firme,
Onde eu possa construir a minha vida.
O meu coração é habitado pelas dúvidas e incertezas,vem Senhor, ser meu consolo e minha segurança.
Meu Deus, eu me sinto tão sozinho, que nenhuma
pessoa poderia preencher esse vazio.
Vem e derrama sobre mim o fogo do amor do
Teu Santo Espírito .Só o Teu amor pode me curar
neste momento, vem Senhor, com Tuas Santas
mãos toca-nos e seremos renovados.Meu Senhor,
eu não consigo parar de chorar, vem consolar o
meu pranto.
Recolhe as minhas lágrimas num odre, para que nenhuma delas se perca.
Deixa-me colocar a cabeça no Teu peito como fez São João, e repousar, ouvir
Teu coração. Coloca-me nos ombros como a ovelha encontrada pelo Bom Pastor.
Quero ouvir tua voz: “Filho porque choras?”.
_Não sei onde colocaram o meu Senhor.
Ouvir a Tua voz como Maria Madalena e
perceber que não havia te perdido,
Estavas dentro de mim e eu Te buscava fora.
Neste momento preciso de Maria, Tua mãe.
Posso ouvir a tua voz dizendo: “Filho, eis ai a tua mãe, mãe eis ai o teu filho!”.
Quero neste dia ficar no colo de Maria, como o Senhor ficou depois da cruz.
O colo de Maria e o Teu consolo é isso que eu quero agora Senhor! E o Senhor me diz: “Não temas Eu estou contigo!”. Amém

“Os que semeiam entre lágrimas, recolherão com alegria” (Salmos 125,5).

Padre Luizinho,
Com. Canção Nova.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Ama teu próximo e compartilha o teu "milho"


Sabemos que devemos amar, porém, muitas vezes, não encontramos o caminho para começar a fazê-lo. Conhecemos o objetivo, no entanto, nem sempre está em nossas mãos a estratégia.

A resposta achamos no Novo Testamento:

Jesus disse: "Ama teu próximo"... É dizer, ao mais perto, o que está a seu alcance fazer por ele.

São Paulo, por sua parte, expressa: "Ama a todos, porém, especialmente os irmãos na fé" (Gal 6, 10).

São Pedro: quando o pescador de Cafarnaum teve êxito naquela pesca tão abundante, cujas redes quase se romperam, não capturou todos os peixes para si, mas compartilhou seu sucesso com seus companheiros que estavam do outro lado da orla. O milagre consistiu em que a barca dos outros também ficara repleta, sem que a de Pedro tivesse menos peixes.

Em uma ocasião, um jovem repórter perguntou a um fazendeiro na Argentina se ele poderia revelar o segredo do porquê, ano após ano, vencera o concurso nacional para o melhor produtor de milho. O lavrador, muito simples, confessou:

- "É que eu compartilho minhas sementes com os vizinhos".

- "Mas por que você compartilhar suas sementes com seus vizinhos, se eles também entram na mesma competição?", retrucou o repórter.

- "Veja, jovem, - disse o agricultor olhando para aqueles imensos campos – o vento que vai daqui para lá logo regressa de lá para cá e leva o pólem do milho maduro de um campo a outro. Se meus vizinhos cultivassem um milho de qualidade inferior, a polinização cruzada degradaria a qualidade do minha plantação [milho]. Se vou semear um bom milho, devo ajudar para que meus vizinhos também o façam".

O amor começa com as pessoas mais próximas a nós; é com elas que começamos a compartilhar "nossos milhos" para formar um tecido do corpo, onde se vive o Reino de Deus.

O Bom Samaritano não foi chamado para salvar todos os moribundos, apenas um foi encontrado na estrada (cf. Lucas 10, 33-35).

Aqueles que pretendem viver bem, devem apoiar aqueles que estão perto deles. E quem optar por ser feliz deve ajudar seus irmãos e amigos a encontrar a felicidade, porque a fortuna de cada um está hipotecada ao bem-estar daqueles que o cercam. Os países que querem progredir, devem incentivar os seus vizinhos a fazer o mesmo também.

Não é construindo cercas ou muros nas fronteiras que faremos progressos, mas compartilhando o "milho" da nossa alegria, paz e desenvolvimento com o mais próximo. Desta forma, vamos crescer pessoalmente e juntos com mais força.

Senhor Jesus, Tu participaste Tua divindade conosco, para nos ensinar a viver como filhos de Deus. Ensina-nos a partilhar a nossa humanidade com os outros, nossos dons e talentos, o nosso material, espiritual e intelectual.

Eu quero aprender a compartilhar o "milho" do meu tempo, minha capacidade de ouvir, a minha solidariedade, e os segredos de meus sucessos e triunfos com aqueles mais próximos a mim. Não me deixe, Senhor, construir muros para defender-me, porque eles me afastam de meus irmãos, que são Seus filhos.

Que o vento impetuoso do Teu Espírito Santo leve, daqui para lá e de lá para cá, a riqueza do melhor de nós mesmos, começando com aqueles mais próximos a nós

José H Prado Flores Pregador internacional, fundador e diretor internacional das Escolas de Evangelização Santo André http://www.escoladeevangelizacao.com.br/